Harry Potter e as Relíquias da Morte

AVISO: O texto abaixo NÃO possui spoilers. Pode ler sem neura se você ainda não assistiu Harry Potter e as Relíquias da Morte. Porém, como queríamos dar nossas opiniões sobre partes específicas do filme sem estragar a surpresa de ninguém, ao decorrer do texto você encontrará pequenos números indicando notas de rodapé, que estarão ao final da página, em fonte amarela. É essa a parte que conterá spoilers. Assim, nem por engano alguém lerá o que não quer, enquanto quem quiser só precisa selecionar o texto para que fique mais fácil a visualização. Boa leitura (:

A estréia cinematográfica mais esperada do ano ocorreu em âmbito mundial na semana passada, e nós, as gostosas garotas do Viciadas em, estivemos na premiere londrina para trazer as novidades quentinhas para vocês!


OK, é brincadeirinha, nós fomos umas das primeiras a conferir Harry Potter e as Relíquias da Morte (parte 1) em Brasília mesmo. Não achamos justo viajar com todas as despesas pagas para cobrir o evento inglês se o mesmo filme estaria passando aqui, entendem? Seria muita mão-de-obra e coisa e tal.

Enfim, o que importa é: CHEGOU! Finalmente, depois de 521 dias desde o sexto filme, e a 238 dias da parte final das aventuras de Harry Potter, finalmente a primeira parte do último filme foi lançada. E o resultado, na nossa humilde opinião? Fantástico!


Ignorem a VEJA e outras forças do mal que dizem que é um filme entediante; não é. Ignorem os fãs infantis que acham que o filme não é fiel ao livro; é uma adaptação, e muito boa, por sinal. Ignorem a ISTO É, que diz que o filme só tem ação e nadica de nada de romance; tem tanto romance que mal dá pra distinguir os casais¹. Ignorem a Bel, que tem um piripaque toda vez que o Neville aparece (em qualquer um dos filmes); ela tem sérios problemas mentais e psicológicos.

Sobre o filme (sem spoiler, calma): o diretor David Yates, que já conseguira dar ao sexto filme uma atmosfera mais obscura, tirando a série do gênero fantasia infantil, prossegue aqui seu intuito. O filme não é exclusivamente adulto, mas tampouco foi feito para crianças. Essa maturidade que os filmes têm ganhado (inclusive no aspecto artístico) lembra a gradual mudança na escrita e linguagem da própria J.K. Rowling no decorrer dos livros da série. A explicação é obvia: nós, aqueles que acompanhamos as aventuras de Harry, Rony e Hermione, fomos crescendo junto com os protagonistas. Enquanto o primeiro livro foi de excelente complexidade para crianças de dez anos (quando começamos a ler), o último tinha conteúdo e apresentação ideais para os jovens críticos de 18 anos (os primeiros fãs do bruxo).

Outro aspecto que vale ser comentado, já mencionado, é o trabalho de arte do filme. Os efeitos especiais, principalmente os que envolvem os ataques de raiva de Voldemort, são sinceramente incríveis². A escolha da trilha sonora é capaz de arrepiar, alem de ter sido muito bem coordenada³. E o travelling [explicação técnica: a Cecela aprendeu em OBAV que é o movimento da câmera em si] tem momentos simplesmente brilhantes 4. E por último, o “teatro de sombras” (denominação da VEJA), usado para narrar um conto de Beedle, o Bardo, é absolutamente maravilhoso, perfeito, sem um único defeito ou ponto a ser melhorados. Minha parte preferida do filme, caso não tenha ficado claro.

Harry Potter e as Relíquias da Morte é, ficamos agradavelmente surpresas, muito engraçado. O que nos leva a atuação de Daniel Radcliffe. Sempre a achei meio fraca, mas descobrimos no filme passado (lembra quando ele tomou a poção Felix Felicis?) que ele é excelente ator cômico 5. E parece que não só isso, mas ele também está aprendendo a atuar drama! Yey! Antes tarde do que nunca! Já Rupert Grint está ótimo ator e muito gatinho, como sempre, e Emma Watson está excelente nas cenas em que tem que sofrer e gritar (de verdade, foram gritos que chegam a arrepiar de agonia).

Finalmente, o enredo. A partir do momento que se entende que não é exatamente um filme normal, e sim a parte de um filme que faz parte de uma seqüência, então tá tudo bem. Como filme, autônomo, independente, bom, ai eu confesso que não é tão satisfatório assim, apesar de, de certa forma, tentar seguir a fórmula de um (possui uma pseudo-introdução – belamente delicada, aliás – e um clímax ao final, por exemplo).
 

Meu balanço final é que é um ótimo filme se você gosta de Harry Potter, incrível se leu todos os livros, e bonzinho se só for assistir para matar umas horinhas no shopping. De um jeito ou de outro, vá comprar sua pipoca e refri e assistir ao filme mais comentado do momento.

ATENÇÃO, RISCO DE SPOILER:

¹ Quem leu o livro sabe perfeitamente bem que Hermione Granger acaba com Rony Weasley. Sabe também que, depois de uma cena de ciúmes óbvios de Rony (sim, quando ele precisa arrebentar o medalhão maldito lá), Harry garante a ele que vê Hermione apenas como irmã, e que acha que o sentimento é recíproco. No filme, entretanto, não só Harry não faz nada para tranqüilizar o amigo como também parece dar em cima da amiga-quase-irmã dele. Teoria da Bel: eles querem dar àqueles que só vêem o filme, e não leram a série, algum suspense sobre o casal tão óbvio para nós.

² Eu, particularmente, dou destaque para a cena final do filme, em que Voldemort pega a varinha do Dumbledore (mentes poluídas, saiam do recinto) e cria raios no meio da ilha, e para a cena em que Harry escapa dele na moto que era do Sirius. Mas outras cenas, como qualquer uma em que há aparatação ou a cena em que os seis começam a virar cópias do Harry, também são magistrais no sentido de efeitos especiais (e essa última, no sentido cômico também).

³ O que eu quero dizer com bem coordenada? Apenas pense na cena de tensão absoluta em que Bellatrix tem Hermione sob sua faca e a música está a toda, e de repente pára, só para ouvirmos o gemido do desenroscar dos parafusos do lustre, e o pequeno e maravilhoso Dobby lá em cima, na maior calma. Sinceramente, achei genial a parada da música forte em contraste com o som singelo.

4 Por exemplo, uma cena em que, dentro da cabana gigante, Hermione está falando para o Harry que a espada deixada por Dumbledore serve para destruir Horcruxes porque absorveu veneno de basilisco. A câmera filma o livro, a fonte da informação, pula pra Hermione, que está dando a informação pro Harr, empolgadamente; e pula pro Harry, que fala “Ahn?”. Achei divertidamente sutil.

5 Ele dançando free style com a Hermione, por exemplo, ou ele sendo a Fleur, os gêmeos e a própria Hermione na número 4 dos Alfeneiros, quando eles tomam a Polissuco, foram extremamente engraçadas e naturais.